Porto Alegre – Florianópolis (Primavera / 2015)

Em novembro de 2015, a Fixolimpíadas ocorreu em Florianópolis. Eu e mais 4 amigos (Cadu, Jim, Roger e Silvio) decidimos ir pedalando até lá de Porto Alegre. Partimos 3 dias antes do início do evento com as bicicletas fixas que tínhamos na época e com a mínima carga possível para percorrer 500 quilômetros (BR-290 e BR-101) entre as duas capitais.

Dia 1 – 195km: Porto Alegre > Torres

Acordei cedo, comi uma quantidade generosa na primeira refeição do dia e saí de casa. Encontrei os outros 4 em um Posto de Gasolina na saída de Porto Alegre e começamos viagem às 7h. O céu estava nublado e a temperatura variava na casa dos 20ºC. O perfil majoritariamente plano dos primeiros 100 quilômetros foram tranquilos. Até aqui, eu usava a relação 47×16. Paramos para almoçar em um restaurante de posto de gasolina. Voltamos para a estrada e minhas pernas começaram a “pedir” maior cadência ao passo que atingíamos alguma altimetria. Alternei a relação para uma pinha 18 . Jim e Cadu imprimiram um ritmo forte e foi difícil aguentar nas rodas deles algumas vezes, já que eu não estava bem preparado naquela época. Nem a chuva nem o sol apareceram durante todo o dia e o vento foi amigável na maior parte do tempo.

Depois de 195km rodados, por volta das 15h30min, atingimos o primeiro objetivo: chegamos na cidade de Torres. O cansaço do dia se deu mais pela quilometragem do que pelo ritmo. Roger tinha um amigo na cidade, dono de uma loja de bicicleta, que nos conseguiu uma hospedagem (mais barata do que o padrão) em um hotel.

Dia 2 – 170km: Torres > Laguna

Acordamos cedo, tomamos AQUELE café da manhã reforçado no hotel (voltei para o quarto com o bolsos da bermuda cheio de banana). A expectativa era de que esse segundo dia seria mais fácil, já que a quilometragem era menor do que o primeiro. Ao sair do hotel, entretanto, a chuva e o vento já marcavam presença para mudar essa expectativa. Minhas pernas estavam pesadas (sentindo o dia anterior), mas nada demais. Meu pescoço, entretanto, começava a dar sinais que sentia o combo “horas selim + mesa na posição mais baixa possível”.

Eu estava achando divertido pedalar com chuva e vento até perder Cadu e Jim em uma subida. Andei alguns quilômetros sozinho e nos reagrupamos (todos os 5) para almoçar com 80 quilômetros percorridos. Ao encher a barriga, encheu também a motivação para andar rápido e terminar logo o dia cinzento e úmido. Entretanto, o vento só aumentou no turno da tarde…

Lembro de estar andando a 22km/h ao lado do Cadu e rirmos muito, pois estávamos fazendo força para andar no plano. A dor se tornou constante por um bom tempo. O vento só amenizou nos últimos quilômetros, perto da famosa ponte de Laguna. Finalizamos o dia em mais horas do que o planejado. A sensação de vitória era grande e ela foi coroada com uma janta em um restaurante super simples, onde comemos xis e demos boas risadas.

Dia 3 – 138km: Laguna > Florianópolis

O café da manhã não foi tão generoso. Comemos pão com geleia e os adeptos da cafeína beberam uma xícara de café preto puro. Saímos de Laguna e novamente o vento marcou presença desde cedo. Depois de andar 60 quilômetros, a chuva decidiu aparecer novamente. Eu, Cadu e Jim estávamos adiantados, então decidimos parar e repor calorias em uma tenda no meio de uma descida. Pedimos caldo de cana com pastel. Era para ser uma parada rápida, mas a chuva ficou mais forte e nós acabamos esperando ela passar… ela não passou, mas quem passou foram Roger e Silvio: eles viram que a gente tinha parado e então decidiram aproveitar a descida para atacar, já que estávamos desde o primeiro dia nos provocando como se a viagem fosse uma corrida de 3 etapas.

Eu, Cadu e Jim voltamos para a estrada, mas as condições climáticas só pioraram e nós perdemos Roger e Silvio de vista. Cadu se lançou para tentar alcancá-los sozinho. Eu e Jim nos revezamos durante 10 quilômetros até alcançar a roda do Cadu e descansar um pouco. Foi um alívio chegar nele, mas nesse momento percebi o quão cansado estava. Perto da capital de Santa Catarina, subimos Serra dos Cavalos (categoria 4): Cadu e Jim não só pegaram o vácuo de um caminhão no início da subida, mas logo depois atacaram ele, abrindo uma boa vantagem sobre mim. Pela primeira vez, eu fiquei na posição de último na estrada. Nesse momento, lembrei que não levei a bomba de ar, então se eu tivesse um furo, ficaria numa situação complicada. Por sorte (mas também por dedicação), fui o único que não tive furos em todo o percurso.

Depois do cume, lembro de descer em direção à Ponte Governador Pedro Ivo Campos, que liga o continente à ilha. Tomando chuva na cabeça, com uma bicicleta sem freio, apertado no acostamento enquanto caminhões voavam na pista, lembro de entrar em um estado mental inédito: muita adrenalina e motivação para alcançar os demais. Acelerei sem medo do amanhã; as pernas giravam freneticamente com a relação 47 x 18.

Logo alcancei Jim e Cadu, mas eles tiveram diversos furos nos quilômetros seguintes, então precisávamos parar para resolvê-los. Levamos um bom tempo para finalizar os últimos quilômetros antes da ponte. Quanto mais nos aproximávamos do continente, pior o trânsito ficava. A adrenalina fez com que minha bicicleta migrasse do acostamento para o corredor entre os carros. Me diverti muito “surfando” com uma bicicleta sem freio em meio ao mar de carros parados, só deixando a bicicleta fluir. Ao chegarmos na Ponte, encontramos Roger e Silvio, que nos esperavam, e cruzamos a ponte (por baixo) juntos.

Finalmente chegamos na Ilha, mas ainda precisávamos ir até o Campeche, onde tínhamos conseguido uma hospedagem solidária. Esses últimos 15 quilômetros foram longos… o cansaço era visível na expressão facial de todos os 5. A motivação era gigante, então minhas pernas ficaram mais leves e consegui rodar firme. O Cadu era o único que sabia exatamente qual era o endereço. Quando chegamos lá, eles nos avisou e nós demoramos um pouco para acreditar. Impossível descrever a sensação dessa chegada. A janta foi uma bela quantia de macarrão.

Obrigado aos amigos que me acompanharam nesses 3 intensos dias!

Equipamento:


Bicicleta Giant Omnium

Roupas para pedalar:
– Jersey Pedal Express
– Bretele Curtlo 3D Compress
– Capacete Specialized Align
– Sapatilha Aerotech
– Óculos Shimano
– Luva Spiuk Anathomic Light
– Corta vento

Bolsa de selim Thule:
– câmaras reserva
– tire wrap
– chave allen

Bolsa de guidão Marca Descubra:
– par de chinelo
– desodorante (não conhecia bicarbonato de sódio naquela época)
– 1 bermuda
– 1 camiseta
– carteira
– snacks

* 1 caramanhola Continental 700mL

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